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  • Plano Diretor do INPE 2011-2015

    30 de mar. de 2011
    Satélite CBERS-3


    O plano diretor do INPE merece uma boa olhada e algumas reflexões. Primeiramente pode-se afirmar que com “power point” tudo se alcança, tudo é factível. Na hora “H”, na hora de fazer é que as coisas pegam, depois só resta a busca por desculpas e falsas justificativas.

    Se afirmarmos o que está escrito no Planejamento Estratégico do INPE que “os satélites CBERS já lançados reforçam a confiança de que somos capazes de realizar projetos espaciais de porte significativos”, certamente estaremos nos esquecendo da perda constante de pessoal, das limitações para importação e compra de componentes, da desvirtualização do foco dos projetos, bem como do processo de evolução das novas tecnologias. Esquecendo destes pontos-chave até poderíamos fazer aquela afirmação.


    Afinal, alguém em sã consciência acredita que “todos os satélites propostos têm condições de ser construídos por nossa indústria, capaz de cumprir desafios tecnológicos importantes, dada a capacitação adquirida com o CBERS”? Se alguém ouvir tal frase e se este alguém conhecer o momento político e estratégico no INPE, irá dar boas risadas.

    O que o plano diretor ou o planejamento estratégico não abordam é a necessidade de mudança de postura e de visão gerencial no INPE.

    E já que se fala tanto no programa de cooperação com a China (CBERS), cabe ressaltar que muitas das pessoas que trabalham hoje neste programa pelo lado da China ainda nem eram nascidas quando do começo do projeto em 1985, enquanto que do lado brasileiro, os poucos que ainda trabalham no projeto são os mesmos daquela época, com a maioria já tendo atingido tempo para se aposentar.

    Só para ficar em um exemplo concreto: o acordo de cooperação Brasil-China na área espacial já dura mais de 20 anos. Neste período lançamos juntos três satélites de imageamento da Terra, e temos mais dois praticamente prontos para lançar nos próximos anos. As bases do acordo são simples: 50% para cada lado, em tudo, dinheiro, fornecimento de equipamentos, despesas com lançamento, etc. Quando teve início na segunda metade da década de 1980 poderia se dizer que o programa era igualmente importante e estratégico para ambos os países. Passados 20 anos muita coisa mudou: a China experimentou um avanço fenomenal na área espacial, passou a ser um dos três países a conseguir colocar pessoas na órbita da Terra, enviou missões não-tripuladas para a órbita da Lua, lança uma média de 15 a 20 satélites por ano (só os deles, sem falar os que eles lançam para terceiros, em bases comerciais).

    Hoje o programa CBERS continua sendo o cartão-postal de nossa política espacial, ao passo que para os chineses este programa é, do ponto de vista científico-tecnológico, praticamente insignificante. Eles nos deixaram anos-luz de distância para trás. A única coisa que mantém este programa em pé atualmente são os interesses geopolíticos dos dois países e, claro, as polpudas diárias (cerca de $300,00 dólares por dia) e as viagens para a China pagas aos servidores que atuam no projeto.

    Em suma, devido aos anos de sucateamento nas equipes de desenvolvimento do INPE, hoje não conseguiríamos fabricar nem sequer um novo SCD. Alguém discorda? E nos dez anos do Programa da Plataforma Multi-Missão (PMM), o que foi feito?

    Fonte: Brazilian Space

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