Presidente português anuncia eleições legislativas para 5 de junho
31 de mar. de 2011
Presidente português, Aníbal António Cavaco Silva
O presidente português, Aníbal Cavaco Silva, anunciou nesta quinta-feira a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas no dia 5 de junho, em uma decisão esperada após a renúncia do primeiro-ministro José Sócrates na quarta-feira passada (23).
A crise em Portugal se agravou após a renúncia de Sócrates, que foi conseqüência da derrota sofrida por ele no Parlamento, que vetou um pacote de ajuste fiscal contra a crise.
Mais cedo nesta quinta-feira, o governo de Portugal divulgou uma revisão do deficit público do país no ano passado para 8,6% do PIB (Produto Interno Bruto). Com isso, o país ultrapassou a meta do deficit que era de 7,3% do PIB para o ano passado.
Desde a piora da crise, analistas lançaram suspeitas de que Portugal estaria subestimando suas contas públicas para esconder o tamanho do rombo financeiro.
O deficit público que havia sido divulgado pelo INE (Instituto Nacional de Estatísticas) de Portugal era de 6,8% do PIB.
Segundo o periódico português "Jornal de Notícias", o INE explicou que o Eurostat intituto de estatísticas da zona do euro fez alterações na metodoligia portugeusa e, com essas mudanças o deficit cresceu 1,8%.
Ainda de acordo com o jornal, as mudanças na metodologia foram a incorporação das contas do Banco Português de Negócios nas contas nacionais, que aumentam o deficit em um ponto. Além disso, foram incorporadas empresas de transporte, que aumentaram o deficit em 0,5 ponto e do Banco Provado Português, em 0,3 ponto.
O deficit público nominal é o rombo nas contas do governo depois de pagar as despesas correntes, os investimentos e os juros da dívida pública.
Os juros pagos nesta quinta-feira nos títulos de 10 anos do governo português subiram para 8,5% e nos papéis com vencimento em cinco anos, os juros foram para 9,3% ao ano.
Com a revisão, o governo português admitiu que a dívida pública é de 92,4% do PIB.
AJUDA EXTERNA
Com os juros altos, a principal dificuldade do governo é de financiar essa dívida elevada. Além do problema estrutural com elevado deficit e dívida, o país enfrenta uma crise de curto prazo porque tem vencimentos elevados de títulos concentrados em abril e junho.
Por isso, analistas acreditam que o governo não conseguirá se manter sem pedir ajuda financeira externa, do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Central Europeu. O Brasil também se propôs a socorrer Portugal, mas ainda não divulgou como será feita essa ajuda.
A piora na crise portuguesa ocorreu na quarta-feira da semana passada, quando o primeiro-ministro José Sócrates renunciou, colocando o país em um limbo político. O pedido de demissão de Sócrates foi conseqüência da derrota sofrida por ele no Parlamento, que vetou um pacote de ajuste fiscal contra a crise.
A crise da dívida de Portugal já se alastrou para seus bancos, que também tiveram sua nota de risco rebaixadas pelas agências de classificação.
Fonte: Folha
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