Chanceler líbio abandona governo e vai para Reino Unido
30 de mar. de 2011
Chanceler da Líbia, Moussa Koussa
O chanceler da Líbia, Moussa Koussa, abandonou o governo do ditador Muammar Gaddafi e voou da Tunísia para o Reino Unido em busca de refúgio, confirmou nesta quarta-feira o governo britânico. Ele era um dos principais aliados de Gaddafi, e responsável pela política externa que integrou a Líbia de volta à comunidade internacional, após anos sofrendo sanções.
De acordo com comunicado do ministério de Relações Exteriores britânico, Koussa chegou ao Reino Unido e está renunciando ao cargo. Segundo a nota, ele voou vindo da Tunísia, "por sua própria vontade". "Ele nos disse que irá renunciar ao cargo", diz o texto.
Anteriormente, um amigo do chanceler já havia dado a informação à agência Reuters. "Ele abandonou o regime", disse Noman Benotman, amigo de Koussa e analista do centro de estudos britânico Quilliam. "Ele não estava feliz, não apoia os ataques fo governo contra civis. Ele procura asilo no Reino Unido, e espera que seja bem tratado", acrescentou.
A agência de notícias tunisiana TAP confirmou a informação, sem dizer o que teria levado Koussa à Tunísia inicialmente.
Em Trípoli, o porta-voz do governo líbio Mussa Ibrahim rejeitou a saída de Koussa, e disse que o chanceler viaja em uma missão diplomática.
O ministério de Relações Exteriores da Líbia disse que não tem informações a respeito. A Embaixada líbia em Londres não comentou de imediato.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou uma ordem que autoriza o apoio secreto do governo norte-americano às forças rebeldes que tentam derrubar o ditador líbio, Muammar Gaddafi, disseram à agência Reuters funcionários do governo em condição de anonimato nesta quarta-feira.
CONFRONTOS
Mais cedo hoje, horas depois de retomar Ras Lanuf do controle dos rebeldes, as forças leais a Gaddafi expulsaram os militantes do porto petroleiro de Brega.
A informação foi confirmada pelos próprios rebeldes em Ajdabiya, cidade situada 80 km a leste de Brega, que disseram poder ouvir tiros de canhão na região.
A reconquista de Brega poucas horas depois da de Ras Lanuf confirma a rápida progressão do Exército governamental rumo ao leste do país, reduto dos insurgentes.
Após o rápido avanço registrado em 27 de março, quando os rebeldes recuperaram quatro cidades --Ajdabiya, Ras Lanuf, El Aguila e Bin Jawad-- em um só dia, os milicianos revolucionários começaram a retroceder devido aos bombardeios da artilharia de Gaddafi, que disparava desde o Vale Vermelho, perto de Sirte.
Os ataques aéreos das forças internacionais neutralizaram a Força Aérea de Gaddafi e causaram grandes danos às suas bases militares, mas as tropas governistas continuam melhor equipadas na batalha contra os rebeldes.
Esta disparidade ficou óbvia nos últimos dias, quando as forças de Gaddafi forçaram os rebeldes a um recuo caótico de Sirte, cidade natal do ditador. Sob disparos de foguetes, os rebeldes recuaram ainda de Bin Jawad e de Ras Lanuf.
Antes de tomar Brega, as tropas avançaram até El Aguila, a 360 quilômetros a oeste de Benghazi, informou à agência de notícias Efe uma fonte dos revolucionários.
Após ter conversado com um comando militar rebelde, a fonte, que pediu anonimato, relatou que as tropas do regime avançaram até El Aguila em meio aos esforços para alcançar Brega.
A fonte não confirmou se o enclave petroleiro de Ras Lanuf foi retomado por Gaddafi ou se continua nas mãos dos revolucionários.
"Eu peço a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) apenas uma aeronave para empurrá-los de volta. Tudo que precisamos é cobertura aérea e nós podemos fazer isso. Eles deveriam estar nos ajudando", disse o coronel rebelde Abdullah Hadi.
ORDEM SECRETA
Obama assinou a ordem nas últimas duas ou três semanas, segundo quatro fontes do governo familiarizadas com o assunto que falaram à Reuters.
Tais decisões são a principal forma de diretriz presidencial usada para autorizar operações secretas da CIA [agência de inteligência americana].
Procuradas pela Reuters, tanto a CIA quanto a Casa Branca se recusaram a comentar de imediato.
Em entrevista à rede de TV NBC na noite desta terça-feira, Obama disse que Gaddafi está amplamente enfraquecido e "não tem o controle da maior parte da Líbia neste momento", acrescentando que não descarta a possibilidade de fornecer armas aos rebeldes.
A questão sobre armar ou não os rebeldes líbios para que possam fazer frente às forças leais a Gaddafi causa polêmica. Ontem, o secretário-geral da Otan, Andres Fogh Rasmussen, rejeitou a possibilidade.
Hoje, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que a coalizão de forças internacionais que está lançando ataques na Líbia não tem o direito de armar os rebeldes.
Combatentes rebeldes, principalmente forças armadas com armas leves e em caminhonetes, disseram ter sido superados pela potência e alcance das armas de Gaddafi.
OTAN
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deu nesta quarta-feira suas primeiras determinações nas operações aéreas sobre a Líbia e espera ter "nas próximas horas" o controle total da ação aliada no país norte-africano, informou a porta-voz Oana Lungescu.
Oana ressaltou que, por enquanto, é "impossível" precisar o momento exato em que a aliança militar terá o comando de todos os ativos militares, já que dependerá do tempo que os países participantes levarão para transferir a direção de suas forças.
Inicialmente, o processo deveria ser concluído nesta quinta-feira, apesar da "grande quantidade" de recursos oferecidos pelos países-membros e outros parceiros da Otan exigirem um alto número de unidades.
O presidente do Comitê Militar da Otan, o almirante italiano Giampaolo Di Paola, e o general canadense Charles Bouchard, no comando das operações a partir da base que a aliança tem em Nápoles, informarão à imprensa nesta quinta-feira sobre os últimos avanços da coalizão.
Os países da Otan acertaram no domingo passado (27) que a organização assumiria o controle e a coordenação de todas as operações de proteção da população civil líbia, o que inclui os ataques contra alvos terrestres perpetrados até agora pela coalizão liderada pelo Reino Unido, França e Estados Unidos.
Fonte: Folha
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